Brics é Mercosul pior e Brasil pôs os pés nas duas canoas furadas

Bloco repete chavões, evita temas incômodos e Lula celebra paz enquanto o Brasil afunda

A edição 2025 do Festival de Besteira que Assola o País, criado por Stanislaw Ponte Preta, foi realizada no último fim de semana no Rio. Internacionalizado, o Febeapá recebeu a alcunha de 17ª Cúpula do Brics, um amontado de zero à esquerda com coisa nenhuma que se julga importante –e a referência nem é aos países que compõem as siglas, mas a seus dirigentes, a começar do anfitrião.

  Para coroar a cerveja do boi, divulgaram uma conversa de bêbado para delegado com 120 mil caracteres de mugidos e coices no bom senso.

Já se antecipou o fracasso no slogan do convescote, “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. Alheios à prática de governança, inclusão e sustentabilidade, os líderes voltaram a debater os temas mais surrados do planeta. Depois de muito falarem sobre o nada, chegaram a lugar nenhum, como comprovam os 126 itens de platitudes que compõem a declaração emitida ao final das conversas fiadas a perder de vista.

No item 2, juram estar “em benefício de nossos povos por meio da promoção da paz” e nos demais se esquecem de condenar o terrorismo de Hamas & cia e a invasão da Ucrânia pela Rússia. Ecoavam o discurso de Lula, especialista em promover a paz soltando gritos de guerra. Passou a semana em conflito armado contra os que chama de ricos, a parcela dos brasileiros fora do CadÚnico, e os pobres, que a esquerda insiste em cooptar com populismo e eles mantêm a estratégia de receber as bolsas e rejeitar o governo.

Uma das provas saiu na 3ª feira (8.jul.2025) depois de Bloomberg, Latam Pulse e AtlasIntel ficarem de 27 a 30 de junho pesquisando. Novamente, a maioria (51,8%) reprova a gestão 3 de Lula, quase 10% acima dos que concordam com isso que aí está.

Torce-se para que a economia melhore e os 50,2% que ganham menos de R$ 3.000 por mês (na pesquisa da AtlasIntel) tenham ao menos ovo para comer antes de sair para o serviço. O IBGE informa que mais de 60 milhões (uma Itália inteira de barriga roncando) não têm “acesso regular e adequado aos alimentos” e quase 9 milhões “enfrentam insegurança alimentar grave”. Traduzindo, toda uma Áustria de conterrâneos nossos sem o que comer. Esses números não constam do relatório do Brics lançado no Rio nem no discurso de Lula ao final.

De estômago cheio, os barões da pisadinha no pescoço preferiram saudar “o cessar-fogo no Líbano”. O presidente do Brasil passou ao largo do estreito intestino vazio dos compatriotas comemorando ser “sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, omitindo que ali ao lado, em qualquer comunidade carioca, não se investe na guerra contra as facções nem na paz dos moradores sitiados pelas barricadas.

Com aquela autoridade que só quem não tem gosta de esnobar, os Brics levantam a voz: “Instamos Israel a retirar, sem demora, suas forças do território sírio”. É moleza falar grosso com quem não está presente para reagir. Como todos aqui viram de olhos fechados, o o estado judeu saiu imediatamente. 

Mandaram interlocutores não mencionados tirarem as mãos do continente com o menor número de déspota no poder: “O princípio ‘Soluções africanas para problemas africanos’ deve continuar a servir de base para a resolução de conflitos no continente africano”. Ou seja, se vir um ditador esmagando a população, finja normalidade, pois o assassino em série pode ser aliado de algum Brics.

Outra atitude acertada do representante tupiniquim foi procurar encrenca com Donald Trump, chefe de uma nação menor que o ego de seus detratores. Para que se unir aos Estados Unidos se Uganda estava na foto de família no Rio?

  No nosso caso, o país se escora em duas potências: Mercosul, uma espécie de Brics anão, e Brics, um Mercosul com teia nos ouvidos para evitar papo de aranha. Em vez de se livrar de ambos, colocou um pé em cada barco furado. Por essas e outras, no lugar de fazer dinheiro, o governo está fazendo água.

O blá-blá-blá final do evento cita 7 vezes a democracia e nenhuma a especificar quem estava ali e a demole, China e Cuba principalmente. Ditadura? Nenhuma vez no texto nem no pronunciamento de Lula. Tem coisa que só cabe na ferida alheia. Por isso, reivindicam protagonismo para um tal PDME (Países em Desenvolvimento e Mercados Emergentes). Juntos, os que se desenvolveram e emergiram cabem no balancete do Texas, odiado pela turma do Brics.

Algumas pérolas só são vistas pelo olhar do PDME, uma delas é o NDB, famoso como Banco dos Brics. Algum Rolando Lero escrito reservou tópico especial para o NDB, com a única autoridade nominalmente reconhecida no documento, Dilma Rousseff, que, mesmo sem saber qual a meta da instituição financeira, dobrou-a.

  Os redatores esgotaram o dicionário de adjetivos, transformando em diamante o que poderia ser enfadonho. Afinal, nada é tão precioso quanto rir. Ficou muito engraçado, digno dos Trapalhões, uma espécie de Porta dos Fundos se os roteiristas fossem de direita. Sérgio Porto, que adotou o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, teria repertório para uma biblioteca.

Enfim, bons dias de faturamento em euro para o tráfico de drogas, única atividade ilegal tolerada durante a reunião. Nenhum preso, operações policiais estão proibidas há tempos e o Febeapá rolando solto. Nunca se aprendeu tanto num início de férias escolares em 120 mil caracteres inspirados por uma gente sem.

Fonte: Poder360/ Comentarista Político Weder Salgado

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